segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

(post tardio, mas muito a tempo)

Senhor Embaixador,
Nós somos moças votadeiras.
Somos pessoas opinativas que têm sempre algo de novo e instrutivo a acrescentar a uma conversa. Gostamos de pensar que conseguiremos deixar o mundo um bocadinho melhor se exercermos o nosso direito de voto o maior número de vezes possível. Votamos na presidência da Associação de Estudantes e na Assembleia Geral. De caminho, votamos sempre também na mesa da RGA (e o que é a mesa da RGA, pergunta o sr. Embaixador. Pergunta bem, pergunta bem...). Só não votámos na Comissão de Residentes aqui da Piast porque a folhinha estava em polaco. E porque a votação foi às oito da manhã de um sábado.
Como tal, e dado que algo género (mas de menor envergadura, note-se) se está a passar no país que nos é comum, nós gostaríamos de votar para eleger o PR. Assim sendo, e como V. Ex. bem sabe, enviámos-lhe um e-mail todo ele cheio de floreados e palavras caras para perguntar somente «Méquié? Onde é que se vota aqui num raio de duzentos metros?». O sr. Embaixador, como pessoa ocupada que é, mandou um dos seus assessores responder-nos qualquer coisa como «Querem votar, get your ass num comboio rumo a Varsóvia no dia 11 ou no dia 12 e é isto.».
Ora, aqui é que reside o problema da questão e a razão pela qual o senhor se encontra a ler este post. O senhor sabe, mais uma vez tão bem quanto nós, que a nossa última ida a Varsóvia também foi a seu mando, aliciando-nos com um jantar português. Sabe igualmente que a dita viagem ficou marcada pela falta de jantar e, imperdoável!, de bebida. Deste modo, e para se redimir e tentar salvar a nossa relação, só lhe ficava bem meter o seu real cu no carro financiado pelos impostos (que os nossos pais pagam) que nós pagamos e vir aqui ao sul com dois boletins. O senhor não achará, com certeza, que vamos dispender 52zl para ir aí sem a garantia de que temos uns canapés à nossa espera, supômos nós.
Mas não fiquemos por aqui; achamos legítimo que o senhor queira saber se vale a pena o vir a Cracóvia só para duas princesas escrevinharem uma cruz. Fique sabendo que nós somos jovens politicamente activas, valemos o esforço. Se não, vejamos:
1) Este ano, fomos à Festa do Avante. O que é que uma pessoa faz no Avante? Fuma char... Inteira-se da abordagem política do saudoso PCP.
2) Temos conversas tão eruditas como «Olha lá, este Passos Coelho é giro ou é impressão minha?»
3) Frequentamos assiduamente o Capas Negras. E quem é que mora na porta imediatamente à direita do Capas? O former president Mário Soares.
4) Uma de nós, no caminho casa-Faculdade, passa diariamente pela Braancamp. Quem é que mora na Braancamp? O seu chefe.
5) As nossas toalhas, canecas e chapéus-de-chuva foram comprados no IKEA. Quais são as cores do IKEA? Amarelo e Azul. Quais são as cores do CDS-PP? Amarelo e azul.
E isto são apenas exemplos, podíamos continuar. Se isto não atesta o nosso interesse e envolvimento na Agenda Política Nacional, pouco mais o fará.
A sério, venha cá que ainda aceitamos um copo. (Nós oferecíamos, mas o dinheiro das bolsas não chega para tudo. Dê aí um toque ao big boss nesse sentido, já agora.)
Maneiras que é isto: vá masé proceder a acções que pouco ou nada nos interessam, por intermédio do seu traseiro , acções essas que may or may not ser indícios de que o senhor é apreciador de amor entre iguais, que nós vamos deixar-nos estar 'ssogaditas aqui em Cracóvia a ver as eleições pela TvTuga e a gastar os 52zl em rodadas à saúde do novo PR.

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