segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Akropolis

Se há coisa pela qual Praga é conhecida é pela noite. Toda a gente sabe onde fica a maior discoteca da Europa Central, uma coisa assim estúpida de grande que é, com cinco pisos. Vale a pena lá ir? É capaz, não sabemos.
Nós não gostamos de ficar pelo óbvio, portanto, quando toda a gente que vai a Praga, vai pelo menos uma noite à Karlovy Lázne, nós decidimos não ir. Acatámos a sugestão do Lenny e pusemo-nos a caminho do Akropolis.
Nós devíamos ter desconfiado. Nós devíamos ter percebido que um lugar que fica a cinquenta e quatro mil quilómetros do centro da cidade, num bairro homólogo à Cova da Moura, não pode ser coisa boa. Mas não desconfiámos, mesmo quando aquilo de fora parecia um prédio prontinho a ser demolido. Entrámos à mesma, desembolsando 30 CZK. Descemos umas escadinhas e estávamos num sub-mundo. Corredores e mais corredores que levavam a duas salinhas: uma hardcore, com música daquela que entra na cabeça e nos começa a fazer ver pontinhos luminosos onde devia estar uma cara; outra com música assim baixinha, agradavelzinha. Óptimo para nós e sentámo-nos. O lugar em si parecia uma coisa que só vampiros ou foras-da-lei frequentariam. A luz também era coisa escassa. Só sabíamos onde estava uma de nós quando ela falava.
Assim, de um momento para o outro, ficou a loucura. Desconfiamos inclusivamente que estava tudo a postos à nossa espera. O DJ ocupou lá o lugar dele e começou a pôr um Charleston, tudo muito anos 20, misturado com um jazz remixado. Uma coisa quase boa demais para ser verdade. E depois música latina. E disto outra coisa qualquer.
Aconselhamos vivamente o Akropolis, pelas pessoas. E pela pedra barata. O DJ misturava a música na mesa com uma mão e enrolava e fumava um charro com a outra. Mais à frente, outro homem fumava doses industriais de erva. Ao nosso lado, uma rapariga dançava alegremente enquanto enfardava amendoins (ou seria ecstasy?) como se não houvesse amanhã. A S., quando foi à casa-de-banho, ouviu duas pessoas a sniffar umas linhas, rematando com um «Maaaan, this shit is good!». Uma senhora com uns respeitáveis cinquenta e tal anos dançava no meio da pista, enquanto engatava descaradamente um moço que tinha idade para ser nosso irmão mais novo. De vez em quando dava uns pontapés no ar de fazer inveja a qualquer contorcionista.
Um casal do mais estranho, completamente pastilhado, dançava à nossa frente e caía no meio do chão a cada dois minutos, levantando-se logo de seguida e continuando com as voltas e os rodopios.
Nós estivemos metade do tempo agarradas às barrigas a rir, o que se traduz numa noite bem passada. Era tudo demasiado engraçado. Ou, agora que penso nisso, do fumar passivamente.

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