sábado, 4 de dezembro de 2010

A nossa vida dava "um filme indiano"

Se algum deus existir, acreditamos piamente que não vai com a nossa cara. Ou isso ou estamos destinadas a viver momentos hilariantes que mais parecem uma anedota do Fernando Rocha. O pessoal ri-se para ver se a coisa fica melhor, mas nem fica.
No passado fim-de-semana íamos jantar com o Embaixador de Portugal em Varsóvia (note-se que em Cracóvia há embaixadas e consulados aos pontapés mas não, de Portugal não, já da Áustria sim, é aqui ao lado mas PRECISA de uma embaixada do tamanho de dois Colombos!). Continuando, jantar marcado para as 21h, na boa, apanhamos o comboio às 15h15 e em 3h estamos lá, a tempo de procurar o Portucale, restaurante, que deve ser monumental e bem no centro da capital, ou porque raio iria o Sôr Embaixador dirigir-se a uma espelunca?
Acordámos a horas decentes, o que é bastante difícil, quem nos conhece sabe, tomámos banhinho, aperaltámo-nos, qual casamento qual quê, enfiámos uns trapinhos nas mochilas e ala que se faz tarde. Saímos às 14h40 ou coisa que o valha e corremos para apanhar o autocarro que estava mesmo a passar. Ora bem, acção para a puta do filme! Um trânsito do deus me livre, o autocarro à pinha, nós apertadinhas contra a porta (não há cá bater coro, entras num autocarro destes e sujeitas-te a ser sodomizada/o como gente grande) e parado na avenida. PARADO. Isto podia acontecer noutro dia qualquer, a sério, mas não. Tinha de ser NAQUELE dia. Um percurso que se faz em 10/15 minutos, já eram 15h da tarde e nada.. Ideia de génio, sair na próxima e apanhar um taxi que há-de encontrar um caminho mais desimpedido e fazer um sprint até à estação, atropelando velhinhas se tiver de ser. O plano era bonito e encheu-nos de esperança, qual Gato das Botas fofinho. Só que apanhámos um taxista môno que se pôs atrás do autocarro e se deixou estar à espera. Era ver-nos esbracejar, chamar-lhe nomes, fazer-lhe gestos ofensivos em português, telefonar para as outras duas que já estavam dentro do comboio e... wait for it.. wait.. TINHAM OS NOSSOS BILHETES!! Lá conseguimos chegar à Galeria que é mesmo (mesmo!) ao lado da estação, ainda faltavam 5 minutos, vá, toca de despachar. Para mal dos nossos pecados, mais uma vez, ficámos na parte de trás (ou de lado, eu sei lá) da Galeria. Ora merda que nunca tínhamos entrado por ali, para onde raio ficava a estação?

Vai de correr pelo centro comercial feitas baratas tontas a praguejar e a fintar quem nos aparecesse à frente. Íamos na direcção certa, até que uma mochila se abre e metade do conteúdo se espalha pelo chão, mesmo à frente de uma loja qualquer de nome caro. O telefone toca: arh... o comboio já saiu... como é que vocês vão fazer?. Desatámo-nos a rir e fomos almoçar. Isto não sem antes: fazermos um escândalo na cabine das informações à procura de uma solução para o problema, pedirmos o livro de reclamaçoes por falta de uma, passarmos 10 segundos a achar que fodeu e agora só pagando 70 zlotys (tínhamos pago 30, se tanto, pelo outro bilhete que, ao contrário de nós, rumou para Varsóvia) e finalmente comprarmos um de 26pln que só saía às 18h. Sabíamos que o atraso era inevitável mas como nestas coisas, ainda por cima portuguesas, nunca se come a horas, ficámos mais descansadas. Olha... o que é que nos passou pela cabeça?
O jantar começou às 19h, demorámos 1h para encontrar o restaurante (ou melhor o número da porta, porque nós estávamos na rua certa!), um frio que nos congelou a alma e nós de saia (e sabrinas!), o passeio/estrada em gelo-bom-para-escorregar-e-partir-a-bacia, as outras que estavam com os copos e nada de atender o telefone.. foi lindo. Chegámos foi 2 minutos depois de deixarem de servir vinho à pato. Isso é que nos deixou chateadas. Isso e não ver a celebridade. Já putos bêbedos de calcinha vincada e gravatinha do pai a cantar hits portugueses não faltavam, acreditamos que foi um regabofe à portuguesa. E os putos eram do Benfica, 'certeza.
Nós.. acabámos a noite a enfardar sandes de púmento, a beber cerveja da cara (que a capital é a capital) e quase que a ser convidadas a sair de um bar por termos transformado uma pequena (pequena!) divisão do mesmo numa sala de chuto.


Nenhum comentário:

Postar um comentário