No
post anterior falou-se da nossa ida a uma festa que tinha como tema o
kitsch.
Ora, o que é o
kitsch para leigas como nós? Pessoas vestidas com mau-gosto. Cores e padrões tudo à mistura. Quem nos conhece (ou, pelo menos, uma de nós) sabe que isto não representa desafio nenhum, pelo que decidimos botar mãos à obra e procurar no Tio Google que raio era isto de
kitsch. E encontrámos muitas coisa, oh lá se encontrámos. Encontrámos filmes, músicas, loiça (quem é que se recorda daquela loiça-couve verde que há nas casas d

as nossas avós? Aaaah gozaram com isso, não gozaram? Isso é
kitsch, suas bestas.), roupa e penteados (sim, penteados...)
kitsch. A coisa confirmou-se: mau-gosto a barrotes,
leggings,
maiôs azuis eléctricos, perneiras, chumaços, flores, riscas, botões dourados e tudo quanto se quiser...
Nós, que somos pessoas que gostam de seguir
dress-codes, não nos deixámos desmoralizar e partimos em busca da roupa
kitsch perfeita. Pois que nos haviam indicado uma loja em segunda mão. Sim, uma loja em segunda mão.
Agarrámos em nós, metemo-nos na neve (e QUE neveão que caiu nesse dia) e fomos atrás da Roban (que ganha todo um novo sentido quando pronunciado como rrrroban com aquele enrolar da língua). A Roban é quase uma multi-nacional de roupa em segunda mão. A Roban tem roupa em segunda mão e, por conseguinte, a Roban cheira mal. Não é mal de «Ai quem é que mandou aqui um pantufos? Arejem o sítio.». É mal de «Jesuuuuus, quem é que morreu aqui?!» ou mal de «O Francis Obikwelu andou a correr os 100 metros trinta vezes e depois veio esfregar as axilas nas paredes e na roupa.» Cheira mal, pronto. Um cheiro a suor de vinte e cinco anos, um suor que se foi acumulando no estabelecimento e que só sai quando aquilo for demolido. Mas esta

não é a característica mais inusitada da Roban. O mais giro na Roban é que a roupa compra-se... esperem.... compra-se ao quilo. (AHAHAHAH) Quando lá fomos, estávamos no início da nova colecção, portanto um quilo de roupa custava 55zl. A senhora (que, a título de curiosidade, tinha um farfalhudo bigode, uma coisa passível de fazer inveja ao Toni) disse-nos que, com o tempo, aquilo ia baixando o preço, chegando à módica quantia de 8zl/kg. Uma pechincha, meus amigos. E nós que sim, senhora, muito bem, vamos dar uma voltinha a ver se gostamos de alguma coisa. Os nossos olhos caíram imediatamente numa secção, cuja plaquinha dizia «RETRO». Ui que é já aqui que ficamos. Vira cabide, torna a virar, acho que vou buscar as minhas luvas que isto deve ter tuberculose e encontramos, entre saias e casacos vermelhos com renas, um casaquinho todo ele florido, botõezinhos dóóirados e um brinde. Um nome lá cosido. Até ver, a dona prévia deste casaco chamou-se Elin Svensson e deverá ter perecido algures numa casa de repouso durante a II Guerra Mundial. Como isto era bom demais para lá ficar, veio connosco para casa. A acompanhá-lo, duas camisolas tamanho XXXXXXXXXL com tudo quanto é cor para serem envergadas na festa. Ao todo, comprámos mais ou menos 1,5 kg de roupa.
Escusado será dizer que, assim que chegámos a casa, metemos tudo em cinco litros de detergente e deixámos marinar durante duas horas. E o cheiro saiu, sim. E nós fizemos sucesso na festa. Que, no final do dia, é o que interessa.


Ora era kitsch que se pretendia, não era?
(Atento agora que a posição corporal é a mesma, não foi propositado.)