quarta-feira, 27 de outubro de 2010


Como ele pensa que a coisa aconteceu
Professor encontra aluna no laboratório. «Olá estás boa? Hoje temos uma coisa nova. Vai lavando essa amostra que eu já venho.» Aluna acede com um sorriso nos lábios, como sempre.
Professor sai.
Professor volta daí a 15 minutos. Professor debruça-se sobre a amostra. «Não acredito... Estão todos deteriorados. Hoje até baixei a temperatura do laboratório para ver se eles aguentavam, mas nem assim. São muito sensíveis ao calor. Hoje queria mesmo que tu os visses....» Aluna faz um aceno de concordância e incredulidade perante tal acontecimento.
Professor resigna-se «Pronto, deixa, trabalhamos com outra amostra hoje.»

Como a coisa aconteceu realmente
Aluna chega ao laboratório, vinda da rua, onde pairam uns 5ºC. «C'um c%&%lho, estão aqui a esconder um morto óquê? Muito gostam estes gajos do frio...» Professor entra. «Olá estás boa? Vai lavando essa amostra que eu já venho.» Aluna acede, enquanto pensa «Yes, sir! Os seus desejos são ordens! É uma lavagenzinha que quer, é uma lavagenzinha que tem. Considere o trabalho feito. Venha de lá esse 20! E um cafezinho, não? Vou lá abaixo num instante e tem um café em dois segundos. Sabe outra coisa que faço muito bem? Limpar gabinetes. Não? É só lavar a amostra, não é verdade? Então é isso que vai acontecer. Mas disponha sempre.» Professor sai. Aluna repara que tem as mãos a cair porque o frio é assim uma coisa por demais. Aluna resolve lavar as mãos. «Deixa-me cá lavar as mãos que esta gente que anda nos autocarros tem toda ar de quem é um antro de doenças. O seguro morreu de velho. Saiam, micróbios, saiam. Tomem lá esta águinha a ferver a ver se não saem daí a correr. Que unhas lindas que eu tenho... Tenho que comprar um verniz. E acetona. E algodão. Epa esqueci-me de carregar o telemóvel! Pode ser que me consiga escapulir daqui mais cedo e passo na papelaria. Se bem que vou levar meia hora para explicar à mulher que só quero carregar o telemóvel... Enfim... Ah sim, lavar a amostra. Vira, torna a virar, nadem um bocadinho, bicharocos. Parece que estão nas Caraíbas, não é? Quem é vossa amiga? Prontinho, está feito.»
Professor volta daí a 10 minutos. Professor debruça-se sobre a amostra. «Não acredito... Estão todos deteriorados. Hoje até baixei a temperatura do laboratório para ver se eles aguentavam, mas nem assim. São muito sensíveis ao calor. Hoje queria mesmo que tu os visses...» Aluna faz um aceno de concordância e incredulidade perante tal acontecimento ao mesmo tempo que pensa «F#"a-se que f#"i os bichos. Por favor, por favor deus, faz com que ele não descubra que fui eu. Quem é que posso culpar? A senhora da limpeza? O rapaz do doutoramento? Aqueles outros dois Erasmus? QUEM, meu deus, quem?»
Professor resigna-se «Pronto, deixa, trabalhamos com outra amostra hoje.» Aluna respira de alívio.

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